terça-feira, 12 de agosto de 2008
serenidade para decoradores
Hoje no parque.
Tinham duas crianças em seus respectivos balanços.
Uma estava apenas sentada e a outra balançava o balanço freneticamente.
Uma lembra do menino que tirou o pênis para fora e urinou na piscina. O mesmo menino tinha mania de afogar os outros.
A outra lembrava do cadáver do avô no cemitério. Foi seu primeiro enterro. Apesar de ver todos chorando ela não sentia vontade de chorar. Chorou para parecer normal. Lembrava então desse choro forçado que tinha usado para se sentir melhor. De agora em diante seria sempre assim? Chorar sem vontade, sorrir sem vontade, tudo para ser normal. Balançava o balanço sem querer.
Foi ai que a criança que pensava no menino da piscina levantou.
Seu olhar vazio, sereno. Serenidade para decoradores. Alguma coisa clean, mas tinha o menino na cabeça.
Quando o balanço voltou acertou em cheio sua cabeça. A criança voou longe.
Um vazio.
A criança caiu no chão inconsciente. O balanço da outra foi parando aos poucos.
Pela segunda vez chorou sem querer. Enquanto as lágrimas caiam pensava apenas em piscina.
(8.6.2007)
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