terça-feira, 12 de agosto de 2008

doze do dois


Tentei ler duas linhas sobre o suposto tema de minha tese. Não consegui me concentrar em nem uma palavra. Fazia pouco que tinha entrado na biblioteca. Antes estava de frente pra uma atendente de uma loja de uma empresa de telefonia celular. Certas coisas me deixavam tão sem graça. Estar ali de frente pra ela e explicar o que eu queria.

Flávio de Carvalho

Hoje coloquei o despertador para me acordar 08:30, acordei e coloquei de novo para 09:30, acordei e desisti de acordar. Levantei 11:30 pretendendo sair correndo, mas fui comprar requeijão.

Novo traje tropical

Todos aqui provavelmente pesquisavam ou apenas liam alguma coisa. Eu não. Tinha sobre a mesa tudo que julgava necessário para me desafogar de minhas desculpas estúpidas. Estou ficando velho não posso mais me dar ao luxo de uma depressão dessas que uma boa roupa pra lavar não resolva.

Não tenho mais nada a acrescentar do nosso amigo Flávio de Carvalho. Não que ele não tenha feito mais nada, na verdade eu que não fiz nada e o pior tenho a sensação de estar encolhendo. Se pelo menos encolhesse fisicamente também. Pelo menos iria ao cinema de graça sem que ninguém me notasse. Ia poder até desenvolver um tique nervoso ou um mal de Parkinson sem ficar constrangido com a pena ou repulsa de ninguém.

Hoje quando finalmente consegui sair de casa para vir pra cá. Resolvi parar num restaurante, a quilo, para que a fome não fosse mais uma desculpa. Entrei no restaurante e com uma rápida olhada percebi que a comida era horrível e que nada ali podia me interessar, mas como já estava com o prato na mão resolvi comer. Estava calor. No restaurante tinha rampa para deficientes físicos. Talvez se fosse deficiente físico estivesse achando minha escolha mais sensata.

Vou tentar olhar meus arquivos.

Meus arquivos me revelaram o que eu já sabia. Meu problema hoje, quando fui habilitar um numero de celular, é o passado. Na realidade não foram meus arquivos. Após olhá-los resolvi ir tomar um café com pão doce, na verdade eu queria pão de batata, mas não tinha. (Isso me faz lembrar que não adiantou ter comido no horrível restaurante a quilo para evitar a desculpa da fome). No elevador um cara esbarrou em mim e pediu desculpas. Eu respondi sem pensar com desculpas também. Como se eu tivesse esbarrado nele. Ele ficou olhando. E eu fiz isso sem pensar. Mais um fato passado para atrapalhar minha relação com as pessoas.

Está ficando tarde e eu não fiz nada como de costume. Amanhã minha culpa vai ser maior ainda, mas justifico isso com o mesmo amanhã. Só o amanhã pode me crucificar ou me salvar.

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