segunda-feira, 10 de maio de 2010
Saudades da loja de guarda-chuvas que virou lavanderia
10/05/2010
Acabei de assistir Os Guarda-Chuvas do Amor (Les Parapluies de Cherbourg, 1964) no Cinemaison. Esse musical de Jacques Demy tem uma força extraordinária e sempre que assisto saio com uma sensação fabulosa; mas o que a história do amor interrompido de Guy (Nino Castelnuovo) e Geneviève (Catherine Deneuve) tem de tão especial?
O filme é dividido em três atos (assim como numa ópera) e apenas no primeiro ato temos Guy e Geneviève juntos. Nos outros dois temos a ausência de Guy e depois de Geneviève. Isso faz o filme.
No ato dois que se chama - A ausência, não só Geneviève, mas também o espectador perdem Guy e todo seu núcleo (sua tia doente, a jovem Madeleine que cuida da tia, e a oficina). A única recordação que temos do personagem e a foto que Geneviève possui dele descaracterizado de como o tínhamos conhecido.
No ato três que se chama – O retorno, é a vez de perdemos Geneviève e seu núcleo (a mãe dela, Roland Cassard e a loja de guarda-chuvas).
Ai que Demy pega o espectador - na saudade que ele faz sentir dos personagens. Algumas cenas como a loja de guarda-chuvas transformada em lavanderia e os lugares vazios no café são de uma nostalgia arrebatadora. Sem contar o magnífico final que dialoga diretamente com a frase da mãe de Geneviève: - Só no cinema que se morre de amor. Sim. Num outro tipo de cinema diferente do de Jacques Demy que não tem nada de previsível ou pré-estabelecido, assim como a vida.
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